Em uma
estratégia parecida com a dos chineses — que, no fim do mês passado, anunciaram
que dariam início à aplicação de uma vacina experimental de 'forma interna' no
Exército —, o governo russo prevê iniciar, em um mês, 'a circulação pública' de
uma fórmula contra o Sars-CoV-2.A vacina foi desenvolvida pelo Instituto
Gamaleya, em parceria com a Universidade Sechenov, e tem obtido resultados
promissores nas primeiras fases dos ensaios com humanos.
"A
segurança da vacina foi confirmada. Corresponde à segurança das vacinas que
estão atualmente no mercado", disse Alexander Lukashev, diretor do
Instituto de Parasitologia Médica, Tropical e Doenças Transmitidas por Vetores
da universidade russa, em entrevista à agência de notícias Sputnik.O próximo
passo vem em sequência a esses avanços. "Lá para 14 e 15 de agosto,
espero, entrará em circulação a quantidade pequena de vacina que devemos ser
capazes de produzir", afirmou Alexander Ginsburg, diretor do Instituto
Gamaleya, em entrevista à agência de notícias RIA. Também de acordo com
Ginsburg, a produção em massa da fórmula deve ser iniciada em setembro.
Essa nova
etapa funcionaria como uma fase 3 dos ensaios clínicos, quando se avalia a
eficácia de uma vacina a partir de um número maior de voluntários. Nas fases 1 e
2, os cientistas estão mais focados em investigar a segurança da abordagem
proposta.
No caso da
vacina russa, os testes com humanos estão sendo conduzidos pela Universidade
Sechenov e envolvem 38 voluntários saudáveis — homens e mulheres com idade
entre 18 e 65 anos. O primeiro grupo, composto por 18 pessoas, foi vacinado em
18 de junho. O segundo, com 20 pessoas, em 23 de junho.Segundo Yelena
Smolyarchuk, diretora do Centro Universitário de Avaliação Especializada de
Medicamentos da universidade, a vacina testada se mostrou segura, como o
esperado pela equipe. De acordo com o Ministério da Defesa, dados disponíveis
mostram também “que os voluntários desenvolveram uma reação imunológica à
vacina contra coronavírus”. Porém, os resultados obtidos até o momento não
foram divulgados em uma revista científica, quando há revisão dos pares
Duas doses
Em nota, a
universidade explica que a fórmula é uma vacina liofilizada — "um pó do
qual uma solução é preparada para injeção intramuscular". Alguns
participantes do estudo experimentaram dores de cabeça e temperatura corporal
elevada. "No entanto, esses sintomas desapareceram completamente dentro de
24 horas depois da administração da vacina", enfatiza o texto.
Segundo
Yelena Smolyarchuk, essa resposta à injeção é bastante típica no caso de
doenças infecciosas, e não houve piores complicações.